O JACARÉ E O ESCORPIÃO
Ainda refletindo sobre o texto anterior sobre as trocas, me
lembrei de uma fábula em que o escorpião precisava passar para o outro lado da
margem do rio e pede ajuda para o jacaré para o levar. O jacaré muito solícito,
pede para que o escorpião suba em cima dele e pacientemente o leva para a outra
margem, mas chegando lá, o escorpião lhe dá uma picada muito doída. Quando o
jacaré pergunta por que, o escorpião lhe pede desculpas, mas diz que isso é da
sua natureza e ele não pode mudar, seguindo o seu caminho.
Se nos colocarmos no lugar do jacaré, mesmo sentindo a sua decepção,
concordamos que ele não pode reclamar, por que sempre soube que estava ajudando
um escorpião e o risco de ser picado sempre iria existir, mas não deixamos de
nos sentir injustiçados, afinal demos o nosso melhor e recebemos algo ruim. Mas
era o que o escorpião podia dar e cada um dá o que tem.
Ir de uma margem a outra é algo que fazemos cotidianamente e
é muito bom. Fica melhor ainda quando temos companhia e ainda por cima ajudamos
alguém com dificuldades nisso, mas sei de muitas pessoas, e me incluo muito nisso,
que estão fartas levar picadas doídas. Será que a vida só se resume em
encontrar escorpiões? Por que, se for assim, melhor fazer esse trajeto sozinha
mesmo. A companhia não vale o final de viagem, quando sempre nos magoamos no
final (pior, sem direito a reclamação, uma vez que sabíamos dos riscos).
Tenho que continuar acreditando que deve existir nesse rio,
outro jacaré que simplesmente queria nadar ao nosso lado pelo simples prazer de
nadar, sem que precisemos levar ninguém nas costas e muito menos levar picadas
dolorosas.
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